Mesa e intimidade
Sentar-se à mesa é uma grande celebração, mesmo que nem levemos em consideração esse ato, por estar carregado de rotina. É um rito! Pena que em algumas situações isso deixou até de acontecer.
O ser humano, não somente se nutre como outros animais, mas se alimenta e forma comunhão com os que estão ao seu redor, à mesa.
Ainda lembro bem da mesa azul, no canto da cozinha, onde meu pai tinha cadeira cativa a espera da comida quentinha. Sem entender, muitas vezes queria levar o prato até a sala, para diante da TV poder jantar. Não, o lugar da refeição era à mesa.
Desde 1994 não vivo com minha família, e sim, como missionário, vivo rodando por cidades, estados e até alguns poucos países “hermanos”. Mas em todos esses lugares, a refeição tem o seu espaço ritual. Por que insisto nisso, de que comer é mais que comer e sim, celebrar um rito?
Longe de mim querer refletir sobre as ceias ou comidas sagradas nas diversas religiões e culturas. O que faço é somente observar que em qualquer parte onde eu tenha ido, as pessoas não se sentam à mesa com estranhos. Pelo contrário, se alegram em receber os amigos. Celebram as grandes datas ao redor da mesa. E, com isso, a mesa torna-se lugar de intimidade.
Sentar-se à mesa ou comer juntos é sinal de intimidade. É sacramento!
Voltemos ao cotidiano. Um desconhecido bate à porta, o recebemos em casa e fazemos sala. Sim, é ali na sala que ele deve ficar. Um amigo, um irmão chega em casa, o recebemos pela porta da cozinha, é ali o lugar da intimidade, da mesa, da refeição.
Como cristão não posso deixar de lado o sinal maior deixado por Jesus, a Eucaristia. Memorial de sua presença, ela é celebrada em uma mesa de amigos, na intimidade da entrega e do convite à partilha. Tomem e comam... tomem e bebam... em memória de mim!
Os chamados a seguir Jesus deveriam estar todos incluídos no banquete, na medida em que passam a ser íntimos Dele.
A alegria de ter os amados e amadas ao redor da mesa deve ser a alegria de partilhar. A alegria de partilhar o pão, a vida, os sonhos e até mesmo as lágrimas. A celebração da mesa deve ser também um constante sinal de alerta, pois muitos não têm a mesa, nem a comida e nem os amigos. A alegria da mesa ainda não pode ser completa, pois ainda não é para todos.
A foto postada é de uma “preparação ritual” de um almoço na roça. Depois de cinco anos pude rever um casal que celebrei com eles o casamento. A alegria de nos encontrarmos em sua casa e almoçarmos juntos, é de fato uma grande celebração.
Esta foto e relatos faz me lembrar quando criança íamos todos para Chiador Mg, visitar a Madrinha minha bisavó materna e outras vezes a tia Zézé, tia do pai ou Tia Idalina tia da mãe. O grande lance do fogao de lenha e das panelas, era o que estava nas panelas, ou guardados depois de terem passado pelas panelas. E até ja mais velho adolescente sempre que ia a Chiador, mesmo sem estar com meus pais, dava um jeitinho de ir na tia Zézé filar um ranguinho, e de preferência um doce de leite em cubos que a tia fazia!!
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