Teimosia - Dom de Deus
Certa ocasião, quando eu era pároco
Ali começava uma história que eu não podia imaginar até onde nos levaria. O jovem ficou, conversamos e muita água passou... Mas o crack não.
Passado algum tempo, movido pelo desespero, o amigo voltou sozinho, com as próprias pernas bambas, os dedos marcados e as roupas queimadas pelas faíscas das pedras ao serem acesas.
O amigo foi ajudado e levado a uma casa de acolhida e recuperação. Mas a história era outra.
O jovem, aquele primeiro, o que levara o seu amigo, me desafiou. Queria começar, ele mesmo, uma casa onde os “amigos” da cidade que estavam envolvidos com as drogas, pudessem ser acolhidos e apresentados a uma nova vida, que ele mesmo um dia experimentara. Que bom! Mas já existia tantos outros lugares para isso, será que era sensato criar mais um. E, a partir de quê? Perguntava a minha razão e ponderava a minha preocupação institucional.
Mas ele reforçava que tinha um lugar para iniciar o projeto. Um sítio da família, um casebre abandonado e muita boa vontade.
Quando menos esperava, um padre, até então desconhecido, chega a minha humilde sala_ e isso não é modéstia, era de fato! Ele se apresenta e pede que eu o leve até esse jovem idealista que o convidara a conhecer suas instalações. Vamos nós...! O padre já vivia há alguns anos a experiência de acolher os que ninguém queria.
Os planos de Deus pareciam estar bem claros, talvez eu fosse o que menos enxergasse.
Quando chegou o dia de Santo Antônio, tarde da noite, toca o telefone da casa paroquial. Quem me conhece um pouco mais já sabe que é muita sorte me encontrar acordado a certas horas. Uma paroquiana, que vivera a dor das drogas em sua família, ligava para pedir o contato de alguém que pudesse ajudar a um homem que, na rua, estava abatido pelas drogas. Naquela altura da noite só um nome apareceu, o do jovem, amigo do dependente, que me visitara com projetos e pessoas necessitadas de alguém que os carregasse nos ombros e lhes curassem as feridas, como um bom pastor, cuidando de suas ovelhas.
Trabalhador, pai de família, numa noite fria de junho, naquelas horas, já devia estar dormindo. Sem chance! Era ele mesmo. O rapaz foi chamado, não por mim, mas pelo Bom Pastor, que esperava aquela ovelha. Naquele noite, naquele casebre, naquele sítio, nascia a Casa de Acolhida Bom Pastor. Hoje uma associação sem fins lucrativos, com apoio da Pastoral da Sobriedade, da Oficina de Oração e Vida, das comunidades, de gente de boa vontade e movida pela Graça de Deus.
Esta foto, postada acima, é uma homenagem a todos os "teimosos" como o João de Barro. A todos vocês que não se deixam vencer pelo cansaço, pela chuva ou pelo sol. A todos que constroem na simplicidade, e a vocês que sabem ouvir os apelos de Deus na história e reconstroem vidas.
Agradeço a Deus de ser coajuvante nessa história. Lembra que Jesus nasceu na manjedoura, pois é ainda por cima emprestada por um tempo, e mal sabia que o que seria absolutamente seu era só a Cruz! O sítio é assim uma manjedoura, preparando para a Cruz. Afoto acima, também é um exemplo de servir, pois quando o João de Barro termina seu período de choca, abandona a casa deixando para outros pássaros como os canários por exemplo usarem por muito tempo.
ResponderExcluirAinda bem que este jovem não desistiu.Pois na maioria das vezes a teimosia é a vontade de Deus e feliz é aquele que acole esta vontade.A vc jovem todo o meu respeito e oração que Deus continue te abençoando e iluminando todos os seus caminhos.
ResponderExcluirOlá pe.anselmo,muito obrigada por me aceitar na sua página no facebook.É muito bom participar de sua sabedoria e partilhar sua belas fotos e mensagens.Deus é contigo fique em paz!!
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