Diálogo, uma difícil arte

Com o mínimo de grego que estudei em meus tempos de seminário, aprendi que a palavra diálogo significa através da palavra. E é através da palavra que nos distinguimos dos demais animais na comunicação. Palavras “bem-ditas”, palavras “mal-ditas”, todas elas vão e não há mais como segurá-las ou assegurar-se do sentido que elas tomarão.

Para viver juntos, entre amantes ou amigos, entre pais e filhos ou entre irmãos; seja lá com quem somos desafiados a construir relação, o diálogo é essencial. Ainda que sobre lugar para o silêncio, o sorriso, o abraço ou o afago, não se pode dispensar o diálogo. É através da palavra que alimentamos a roda viva de nossas relações.

Falar sobre isso, ou entender o que essas linhas acima estão dizendo já não é fácil. Porém muito mais difícil é exercitar a arte do diálogo. Talvez porque para dialogar é preciso estar no mesmo lugar. Não no mesmo espaço, na mesma sala, por exemplo, mas no mesmo lugar existencial. Deixa eu dizer de outra maneira: Para dialogar é preciso estar na mesma situação, ou seja, desejoso de trocar palavras. É preciso querer ouvir e valorizar o que se ouve e quem está dizendo. É preciso abrir mão das respostas prontas e deixar-se desafiar pelo improviso da resposta.

Como é difícil dialogar com quem já sabe o que vai dizer. Sinceramente, prá mim é quase impossível!

A arte do diálogo está na construção conjunta daquilo que se vai dizendo, sentindo, acolhendo e respondendo. Às vezes até silenciando...

A foto postada é muito óbvia, bolas em uma mesa de jogo. Separadas se tocam, ao se tocarem movimentam-se, ao movimentarem-se o jogo acontece. A comparação com o diálogo deixo por sua conta, mas ofereço esta conversa aos amigos que no jogo da vida, tocados ou empurrados, não renunciaram a capacidade de dialogar.