Estrada da vida



Há muito, desejo escrever sobre a morte, mas eu me contive em todo esse tempo. Nestes últimos dias, a morte de um ex-companheiro de seminário me fez voltar a esse tema. Desta vez, não me senti sozinho, mas acompanhado por mais alguns ex-companheiros que não nos víamos (ou não nos vemos) há uns 10, 13, 15 anos!

Um acidente fatal levou a vida de um de nós. A notícia da tragédia correu rapidamente pela rede de contatos que foi sendo formada. Uma busca desenfreada por transmitir ao outro distante, incomunicável, quase esquecido companheiro o acontecido. A notícia da tragédia começou a correr rapidamente pela rede de contatos que já se fazia urgente construir. Era a busca desenfreada por notícias do outro, daquele companheiro do qual há muito não sabíamos nada.

A notícia do acidente fatal parecia uma desculpa singela para ligar, escrever, buscar quem estava longe, só para saber como ele estaria.

A morte realmente mexe com todos. Como o nascer, o morrer é uma experiência genuinamente humana. Mas a dor trazida por ela e os sentimentos que desperta a colocam num patamar único na vida e história de cada um. Conhecemos a morte pela morte de quem queremos bem. No dia e na hora em que ela vier ao nosso encontro, já não sentiremos e sim nos entregaremos.

A fé da comunidade cristã é que a morte é uma parte do viver, e ainda, ao passar por ela, seguiremos de uma nova maneira, transformada em vida nova e plena. Aquele que venceu a morte e permanece vivo é o primeiro. Deus não permitiu que seu filho ficasse na morte!

A força vital que brota dessa experiência deve elevar a consciência de que a vida deve ser bem vivida, para, em sua continuidade, ela ser realmente plena. Acredito ser essa força vital a que revolveu esse grupo de companheiros, fazendo-os desejosos de saber como o outro está.

A morte de um fez com que os demais se descobrissem responsáveis uns pelos outros. E a vida acontece...

A foto postada é um trecho de estrada percorrido no Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais. Pode não ser extraordinário, mas quem me levava por esse caminho era o companheiro dos tempos de seminário, que há dezesseis anos eu não encontrava, até uns meses atrás, e que, antecipadamente, partiu para a casa do Pai.

Comentários

  1. Sentimentos a famíla Verbita, é o mistério!! Abraço.

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  2. Sempre que estou na internet procuro encontrar algo diferente e novo. Hoje vim te conhecer. Adorei o nome do blog e também o texto. Quero sempre visitar este cantinho tão lindo. Estou seguindo-o. Venha nos conhecer também e nos seguir.

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  3. Tentei deixar um comentário nessa postagem outro dia... acho que não deu certo. Bom, apenas disse: que a morte não seja o elemento para que a comunicação possa acontecer! Saudade!

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  4. Sabemos que essa é uma verdade que mas cedo ou mas tarde vai bater a nossa porta.Há tempos não venho postar em seu blog mais,como diz a porta esta aberta.Não sei bem como explicar esse sentimento de morte palavra estranha para mim,confesso que assustadora,hoje na minha rua perdemos uma vizinha jovem ainda ontem ela passou no meu portão e hoje me vem a noticia da sua morte,como pode?eu perguntei e pois-me a refletir oque somos.Existem pessoas que do nada te viram a cara e por mais que vc tente recuperar a amizade não consegui porque elas não estão prontas para perdoar,sabemos que a morte é a nossa realidade pois assim é a vontade de Deus,chorei muito pensei nos filhos,nos netos pequenos é como a filha vai reagir já que está jovem mãe erra o esteio da familia.Tive então a confirmação de Deus que nesta vida não somos nada,ou melhor somos aquilo que fazemos de bom para o nosso irmão vivendo cada dia cada momento sabendo que a nossa hora também vai chegar só não sabemos como e quando só Deus tem está resposta.Meus sentimentos Pe.Anselmo e a toda famíla Verbita.

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  5. Tenho muita dificuldade em lidar com o assunto "morte". Não sei bem se devo insistir ou deixar que esses momentos cheguem, certamente eles chegarão. Olhando a foto, vejo uma ponte. Hoje li uma mensagem sobre pontes, dizia essa mensagem que elas ligam caminhos, constroem laços. Penso na caminhada de nossas vidas, ora largas e confortáveis, ora estreitas e difíceis. Nos momentos "estreitos" nos perdemos de pessoas, lugares, nos afastamos de algo ou de alguém. Muitos também se afastam de nós, talvez não por desejo, mas por necessidade da vida! E continuamos seguindo em frente reforçados pela amizade e pela fé! Perder alguém talvez seja momento de também buscarmos pra perto de nós aqueles que queremos bem! Como sempre, adorei sua reflexão!

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  6. Quando criança pedia a Deus que todos de minha família morressem juntos.Tenho consciência hoje que era o medo de sentir saudade de todos, de ficar só .Hoje ,lendo seu texto revejo o assunto e já o administro melhor ,pois tantas foram as perdas em minha vida.Agora vejo de outra maneira, procuro os momentos alegres , de risos .e as vezes me vejo perguntando , como fulano ou ciclano agiria frente situações que aparecem.As saudades continuam aqui dentro de mim ,mas doem menos porque agora entendo a morte e que ela sempre vem , é inevitável. foi bom ler seu texto,foi bom sentir que a morte não me amedronta mais ,e foi um sinalizador de como ando administrando minha religiosidade e se estou ou não preparada para a chegada desta senhora que bate em todas as portas.Que o Sagrado Coração o acolha e proteja. Albina

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