Secas
Uma das coisas que mais prezo é a confiança depositada em
mim e, aquela que deposito gradualmente nas pessoas. Confiar é um ato de
entrega, pois nesse ato armas são abaixadas, cercas são derrubadas e pontes são
construídas. Quando a confiança se enraíza, as defesas tornam-se quase
inexistentes e os caminhos que levam até a outra pessoa tornam-se sólidos e
planos.
É bom ter em quem confiar. É necessário ter uma ponto de
apoio, perto ou distante, que ouve, compreende, participa, se solidariza.
Confiança é uma troca de verdades e não pode haver outro
elemento que não seja a verdade de um encontrando-se com a verdade de outro.
A família se sustenta nela, os casais encontram nela o
motivo para seguir juntos, as amizades construídas ao longo do tempo se
aprimoram nela também.
São os altos e baixos da vida que vão colocando à prova os
envolvidos e vão revelando o quão verdadeiro é o compromisso que entre si fazem
aqueles que se dispõem a confiar.
Uma plantinha cresce quando é cuidada, tendo o substrato, a
água e o sol. Não se pode deixar de cultivar, não se pode deixar faltar, não se
pode exagerar nem na terra, nem na água, nem no sol.
Qual é a medida, então? É a da entrega, da verdade e da
reciprocidade.
O ato de confiar só é reciproco se alimentado na
generosidade. Não há espaço para migalhas. Os medíocres não serão parceiros,
pois querem fartar-se sem oferecer.
A certeza de que a planta crescerá faz com que a cada dia a
água seja derramada, a terra seja revirada e até os galhos sejam aparados. O
corte é necessário sim, mesmo que aparentemente maltrate a árvore.
Minguam-se as plantas quando o terreno não permite lançar
raízes. Perdem-se as plantas quando parasitas oportunistas embrenham-se entre
os ramos e falta a destreza para podar. Secam-se as árvores quando a chuva
deixa de cair e o sol, impiedoso, debruça-se sobre elas.
Na natureza, espera-se pacientemente pela nova chuva, que
renova tudo, traz novas folhas e promete novo ciclo. A fertilidade, latente,
espera o momento para o novo ciclo, mais belo que o anterior.
Nas relações de confiança, alimenta-se da entrega gratuita, despretensiosa
e, muitas vezes, até lúdica.
A foto de referência e o nome dessa postagem faz ilustra a
seca, fruto da ausência de água, ou da pouca profundidade do solo, ou ainda do
excesso de sol. Por outro lado, os galhos e a terra ressequida, estão
preparados e esperançosos. Basta vir a água para que eles se entreguem na
explosão transformadora de vida.
No Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais.
No Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais.
Queria tanto falar dessa foto , mas ela me intrigou , e, ao mesmo tempo muda , como toda foto me questionou.será a vida uma estrada como essa , serão nossos atos e ações como essas árvores que a ladeiam?
ResponderExcluirAlbina
Sempre iluminado ;Sempre mostrando o caminho.Sentimos a falta desse pastor que nós guia pelo caminho da vida.
ResponderExcluirSaudades do senhor. Albina
Olhando com cuidado essa foto, além das reflexões que foram feitas, penso no excesso. Todo e qualquer excesso causa estragos. O excesso do sol ressecou o solo, desidratou as plantas, deixando-as vulneráveis à destruição. Uma simples e pequena faísca, nesse cenário, causaria uma destruição imensurável. Trago pra minha reflexão, pra minha vida, o cuidado que devemos com o excesso, seja ele do que for, poderá causar danos irreparáveis.
ResponderExcluir