Contando o tempo
Volto a escrever sobre o tempo. Tão precioso que não deve ser desperdiçado, dizem alguns. Pelo contrário, deve ser perseguido, dirão outros. Tão forte que pode até escravizar, mas pode ser também um grande mestre.
Lembro-me dos contos da antiga catequese, onde um deles dizia que um menino foi perguntado sobre o que faria se soubesse que em pouco tempo iria morrer. E a resposta da meninada era: "Vou correr prá igreja para rezar". E a surpresa vinha quando o contador de histórias nos revelava a resposta edificante do menino: "Eu vou continuar brincando, fazendo o de sempre!" Para nosso espanto, como poderia agir assim?
As histórias se repetem ou se complementam? A histórias retratam a vida ou a vida imita os contos?
Em minha atual missão, vivo entre "meninos" que a cada dia contam o tempo de maneira diferente da nossa. Eles sabem que esse nosso tempo está se encurtando a cada dia, mas nem por isso deixam de fazer o de sempre! Vivem a tranquilidade inexplicável que só me faz pensar em santidade. Sim, santidade é outro nome para dizer, vida em Deus.
Bem, então realmente o tempo deles é diferente do nosso. Vivem já o tempo da Graça e não o tempo da escravidão. Vivem o Kairós e não se submetem ao Cronos. Cronológico é o nosso tempo, que nos enche de ansiedade, perguntas sem respostas, decepções desnecessárias, fadigas e vazios. Kairológico é o tempo oportuno para desfrutar a vida em sua plenitude, é o tempo de viver a vida em função de algo a mais, é o tempo de viver em Deus e para Deus.
A foto postada são de marcas do tempo. O relógio, a aliança, o amor, a bengala. Você pode identificar outras marcas, se quiser!
Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.
ResponderExcluirHá tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou;
Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar;
Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar;
Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar;
Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora;
Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar;
Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.Eclesiastes, cap.3,vercílos 1 ao 8
Marcas que o tempo faz, mas que junto delas, trazem experiências inigualáveis que só esse tempo pode descrever.
ResponderExcluirFalar do tempo é bom, entende-lo é melhor ainda, nem sempre conseguimos.
ResponderExcluirObrigado por nos presentear com essas imagens tão cheias de significado e também por compartilhar conosco essas reflexões. Pode ter certeza que elas também nos iluminam. Estou conhecendo hoje o blog. Parabéns pela iniciativa! Um abraço!
ResponderExcluirAo ver as mãos sobrepostas, vejo marcas da cumplicidade, do apoio, da união! As unhas pintadas nos revelam que, apesar do tempo ter levado a juventude, não perdeu-se o cuidado com o corpo e a vaidade feminina, mas sem exageros! Mesmo não vendo o rosto deles, imagino o casal abraçado, sorrindo, demonstrando o que Deus espera de todo casal: se tornaram um só! Parabéns pela reflexão!
ResponderExcluirHá um ano atraz quando minha sogra faleceu me pediram para escrever algo para o santinho e escrevi sobre o tempo,tempo de vida daquela mulher que viveu todas as fazes da vida que tanto me ensinou nos nossos 19 anos de convivencia e ao olhar as mãos dessa senhora com unhas pintadas de vermelho cor preferida da minha sogra senti uma grande saudade e vi que nos podemos fazer o nosso proprio tempo falo por mim que as vezes deixo de fazer uma visista a uma amiga,fazer um carinho nos meus filhos dar mais atenção ao meu marido ou simplismente parar,sim parar e adimirar toda a beleza que Deus nos ofereçe.Lembreime de todas as palavras que escrevi no santinho e descobri que aprendi muito com ela mais não aprendi a valorizar o meu tempo não aprendi a fazer o meu tempo de viver o tempo de Deus.
ResponderExcluirViver o tempo cronológico com todos os sentimentos citados por você - fadigas, ansiedades, decepções (nem sempre desnecessárias na minha opinião) e questionamentos - é inato ao ser humano, pois é fundamental no processo de amadurecimento. O que nos falta mesmo é a capacidade de aceitar que o "kairós" chega trazendo limitações, fazendo com que algumas pessoas se entreguem ao que chamam "velhice", e não vivam "em função de algo mais". Este "algo mais" está em todos os lugares à nossa volta, é só parar de preocupar-se com o culto ao físico. A foto revela marcas físicas deixadas pelo tempo, mas também sugere a beleza da cumplicidade, da união e do amor incondicional. É o amor incondicional que nos dá forças e motivação para viver o kairós.
ResponderExcluirMuito lindo e sensível Pe. Anselmo, Parabéns!
ResponderExcluirAcho que preciso viver mais o kairós,tenho que aprender a ser eu mesmo sem pressa de chegar.Tudo tem seu tempo né. :D
ResponderExcluirMuito bom Padre Anselmo!!!